Estradas de Silêncio e Sonhos

Viajar o silêncio das palavras ao vento. Descobrir o som do amor nos cantos da praça. Sonhar a esperança das cores em vozes dissonantes. Questionar o insensato. Ver, ouvir, tocar, pensar, agir, criar, estar, ser. Viver!

Silêncios que despertam 22/05/2012

Foto capturada do Facebook de Mariana Athie Gerbara.

 

Passaram-se 20 anos… Duas décadas que ligam o início de tudo e o entre do que ainda está por vir. Há 20 anos comecei a trilhar o caminho do sonho e ainda hoje persistindo, mesmo sem a certeza de onde o tudo vai me levar.

O primeiro palco no Clube de Regatas Tietê; o primeiro texto decorado, As Ondas de Virgínia Woolf, para um exercício de voz no curso dos Satyros; a primeira montagem Vestido de Noiva, no teatro Monteiro Lobato, com o grupo do Vestido, sob direção de Soraya Aguillera. Esta vida passada. Uma outra vida. Agora 20 anos depois com muitas outras histórias pra contar, com histórias presenciadas outras vividas outras desejadas.

Entendi que existe o inesperado, que existe o podre, que existe o belo, o amargo, a conquista, a derrota, a frustração, a redenção, as alegrias, as tristezas, o estupor, a perplexidade, a crença e a descrença, a vontade, o talento, o dom, a inveja, as lágrimas, os sorrisos, os abraços, a desilusão, o amor, a paixão, a separação, a decepção, a descoberta, a maravilha, a morte, a vida, a vida, vista e vivida, vida experimentada, vida degustada, beijada. Assim é o teatro, a arte, a criação, repletos de totalidade.

Não importa se são 20, 40 ou 60 anos vivendo isto, vivendo disto ou vivendo nisto. Não importa que o teatro seja menos heróico do que sonhava. Não importa se as dores são maiores do que as glórias. Não importa… Mas quando passo por aqueles dias em que o coração aperta com as incertezas, poder ouvir uma voz preenchendo os céus com melodias cristalinas, harmoniosas, e devastadoramente encantadoras; ou um corpo dançando a vida com movimentos belos, alados, perturbadoramente comoventes; ou um quadro colorindo o espaço de texturas, reflexões ou impressões fulgurantes… Quando presencio algo que me faz calar por instantes, que silenciam minha alma, que aceleram minha pulsação, que tiram o meu ar, que fazem de mim espectadora do meu próprio ofício, tenho a maior certeza dentre as incertezas do caminho: não poderia ter feito outra escolha senão me render perdidamente à CRIAÇÃO, à ARTE, ao TEATRO.

Hoje foi um desses dias assim… em que vozes preencheram-me com seus cantos e me calaram e me tiraram o ar e me completaram e me levaram a esta sangria de palavras ao vento.

Agradeço aos céus por existir tanto TALENTO no mundo recheado do DOM divino da criação.

Persistindo!

 

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